Referência: 1 PEDRO 4:1-19
INTRODUÇÃO
1. “Se existe sofrimento, Deus pode existir?” “Se Deus é bom e também onipotente, por que, então, existe o mal no mundo?”
2. O sofrimento entrou no mundo pelo pecado. Hoje a natureza geme por causa do pecado. Os filhos de Deus gemem por causa do pecado. E o próprio Espírito geme intercedendo por nós. O sofrimento atinge a todos. O sofrimento é variado: Há sofrimento físico. Há dor amortecida e dor aguda. A dor causa sofrimento. Mas há muitas formas de sofrimento que não se irradiam da dor física.
3. O medo e a ansiedade podem produzir grande sofrimento. A humilhação, o desprezo, a solidão, a perda de um ente querido, o remorso, a destruição do casamento podem causar grande sofrimento. O sofrimento emocional pode ser tão profundo como a dor física.
4. O sofrimento é complexo: abrange a mente, as emoções, o físico e o espírito. A depressão profunda é uma terrível realidade para muitos. Há a dor do faminto, do desamparado, do órfão, da vítima, do enlutado, do perdido.
5. a) Deus não nos poupa do sofrimento, mas caminha conosco pelo sofrimento – Is 43:1-3; Sl 23:4; b) Deus trabalha as circunstâncias dolorosas da nossa vida e as canaliza para o nosso bem (Gn 50:20; Rm 8:28); c) Deus transforma as circunstâncias adversas em benefício para nós (Sl 84:5-7); d) Mesmo que as circunstâncias não mudem, Deus mesmo é a razão da nossa alegria – Hc 3:17-18); e) Podemos nos alegrar nas próprias tribulações (Rm 5:3-5; Tg 1:2).
6. O apóstolo Pedro tem algumas lições a nos ensinar sobre a questão do sofrimento:
I. O PROPÓSITO DO SOFRIMENTO NA VIDA DO CRENTE – V. 1-11
1. O sofrimento nos ajuda a vencer o pecado – v. 1-3
· O sofrimento faz com que o pecado perca o seu poder em nossa vida. Enquanto o sofrimento endurece o ímpio, amolece o coração do crente. O exemplo do sofrimento de Cristo ajuda o crente a enfrentar o sofrimento com a mesma disposição. O crente não é melhor do que o seu Senhor. Se mundo perseguiu a Cristo, vai infligir sofrimento a nós também. O sofrimento nos leva a entender que os prazeres do mundo e as paixões da carne não compensam. O sofrimento leva-nos a desmamarmos do mundo.
2. O sofrimento nos ajuda a testemunhar de Cristo – v. 4-6
· Os amigos não salvos se maravilham quando o crente não deseja participar das coisas que eles participam. Mesmo sofrendo o crente canta, louva, adora e agradece a Deus. Ilustração: Jó nas cinzas glorica a Deus e diz: O Senhor Deus deu e o Senhor tomou, bendito seja o nome do Senhor. Isso é um testemunho poderoso. Paulo e Silas na prisão cantam. Isso impactou os prisioneiros. Estêvão mesmo apedrejado, tem um brilho no rosto. Cristo mesmo pregado na cruz tem palavras de amor nos lábios.
3. O sofrimento nos ajuda a manifestar um terno amor pelos irmãos – v. 7-9
· O sofrimento produz em nós uma sensibilidade mais aguçada. Passamos a ver a vida e os outros com outros olhos. Tornamo-nos mais amáveis e generosos. O sofrimento nos ajuda a abrir o bolso, o coração e a casa para ajudar os irmãos. O sofrimento nos torna mais solidários. Grandes campanhas humanitárias são promovidas por pessoas que passaram por grande dor e sofrimento.
4. O sofrimento nos ajuda a colocar os dons que Deus nos deu a serviço do seu povo – v. 10-11
· Precisamos servir uns aos outros, de acordo com o dom que recebemos. Nossa vida deixa de ser egoísta. Nosso propósito é abençoar os outros e edificar o povo de Deus. Nosso alvo é a glória de Deus e a exaltação de Cristo.
II. AS ATITUDES DO CRENTE EM RELAÇÀO AO SOFRIMENTO – v. 12-19
1. O crente precisa entender que o sofrimento não é incompatível com a vida cristã – v. 12
· O crente não pode estranhar o sofrimento como se fosse algo incompatível com a vida cristã. O crente até mesmo tem que esperar as provações. Vivemos num mundo caído e hostil. Vivemos cercados de uma hoste de inimigos infernais que nos espreitam. Vivemos oprimidos pelo pecado que tenazmente nos assedia.
· Se o mundo perseguiu a Cristo, não perseguiria a nós também? “Quando a igreja for mais fiel ela será mais perseguida”. “Todo aquele que quiser viver neste mundo piedosamente, será perseguido” (2 Tm 3:12). “Irmãos não vos maravilheis se o mundo vos odeia” (1 Jo 3:13).
2. O crente precisa entender que o sofrimento é para nos provar e não para nos destruir – v. 12
· O fogo ardente é o fogo da fornalha. É o cadinho onde o metal é purificado. O fogo só destrói a escória, enquanto purifica mais o metal. No Antigo Testamento, este vocábulo se aplica a um forno para fundição de minérios, no qual o metal era derretido para ser purgado dos elementos estranhos. O Salmo 66:10 diz: “Pois tu, ó Deus, nos provaste; tu nos afinaste como se afina a prata”.
· Satanás queria destruir a Jó com o sofrimento, mas Deus queria revelar-lhe sua soberania.
· Satanás queria esbofetear Paulo com o espinho na carne, mas Deus queria quebrantá-lo para que não se ensoberbecesse.
3. O crente precisa entender que é possível enfrentar o sofrimento com exultante alegria – v. 13
· Jesus ensinou: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus, porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5:11-12).
· O apóstolo Paulo demonstrou alegria apenas dos problemas (Fp 1:12). Ele cantou na prisão (At 16:22-33). Paulo demonstrou alegria apesar dos difamadores (Fp 1:15-17). Paulo demonstrou alegria apesar da morte (2 Tm 4:6-8). Paulo se alegrava no sofrimento porque entendia que: as coisas espirituais estão acima das materiais; o futuro tem mais valor que o presente e o eterno mais do que o temporal (2 Co 4:16-18). Ele sabia que Deus está no controle de cada situação (Rm 8:28).
· Tiago diz que devemos ter motivo de toda a alegria o passarmos por diversas provações (Tg 1:2-4). Veja 1 Pedro 1:6-7.
5. O crente precisa entender que o sofrimento nos une profundamente a Cristo – v. 13
a) O sofrimento para o crente significa partilhar das suas aflições passadas – Não somos co-participantes do sofrimento vicário de Cristo. Este foi único, cabal. Mas quando sofremos hoje, sofremos da forma que Cristo sofreu, com o mesmo propósito com que Cristo sofreu. Os apóstolos consideram um privilégio sofrer por amor a Cristo (At 5:40,41). Paulo diz: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele” (Fp 1:29).
b) O sofrimento para o crente significa partilhar da sua glória futura – Precisamos olhar para o sofriemento presente pela ótica da glória futura. O caminho para a glória é estreito. Há espinhos. Há cruz. Há dor. Mas “os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com as glórias por vir a serem reveladas em nós” (Rm 8:18). “A nossa leve e momentânea tribulação, produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação (2 Co 4:17). No céu, nossas lágrimas serão enxugadas, nossa dor passará. Não haverá nem luto, nem pranto, nem dor (Ap 21:4). Esta é a grande esperança cristã. O céu explicará para nós todo o mistério do sofrimento.
6. O crente precisa entender que o sofrimento nos leva a glorificar a Deus – v. 14,16
· Quando enfrentamos o sofrimento sem amargura, sem murmuração e revolta, mas nos submetemos a Deus, o Espírito da glória repousa em nós e isso promove a glória de Deus. Quando o povo de Deus canta no sofrimento a glória de Deus se manifesta. O povo de Judá enfrentou os exércitos confederados de Edom, Amon e Moabe cantando. Os apóstolos enfrentaram a fúria do sinédrio, os açoites e as prisões se alegrando. Paulo enfrentou as prisões romanas cantando. Os mártires do Cristianismo enfrentaram as fogueiras cantando. William Cowper escreveu: “Por trás de uma providência carrancura, ele esconde uma face sorridente” (José do Egito, Davi, as prisões de Paulo, a morte dos mártires).
· Os cisnes cantam mais docemente quando sofrem. As aflições de John Bunyan nos deram O PEREGRINO. As aflições de William Cowper nos deram os belos hinos. As aflições de David Brainerd nos deram O DIÁRIO publicado que mais tem despertado missionários no mundo inteiro.
7. O crente precisa aprender a avaliar o sofrimento – v. 15
· Nem todo sofrimento é da vontade de Deus (v. 19) e nem todo sofrimento glorifica a Deus (v. 16). Há sofrimentos provocados pelo próprio homem (v. 15). O crente não pode ser um provocador de problemas. Ele respeita a vida alheia, os bens alheios, a honra alheia e a privacidade alheia (v. 15; 2 Ts 3:11).
8. O crente precisa entender que o juízo começa primeiro dentro da igreja – v. 17-18
· O projeto de Deus é nos transformar à imagem do seu Filho. Jesus aprendeu pelas coisas que sofreu. Ele nos disciplina porque nos ama. Ele nos corrige para nos educar. A igreja precisa dar exemplo na forma de se arrepender. Não podemos chamar o mundo ao arrpendimento, se estamos vivendo em pecado. Não podemos exortar os outros, se nós mesmos não estamos andando com Deus. Antes de tratar com o mundo, primeiro Deus trata com a igreja. Aqueles que hoje vivem sem disciplina perecerão eternamente. Eles vão sofrer por toda a eternidade.
III. A PACIÊNCIA DO CRENTE EM RELAÇÃO AO SOFRIMENTO – v. 19
1. Devemos entregar-nos a Deus – v. 19
· A palavra “encomendar” é um termo bancário que significa “depositar em confiança”. Pedro está exortando a todos os crentes que sofrem a entregar suas almas (vidas) aos cuidados de Deus. Deus nos criou e ele é totalmente capaz de cuidar de nós. Pedro nos mostra neste texto que Deus não é apenas fiel, mas também soberano. Por isso, digno de toda confiança. Confie em Deus no sofrimento! Alegre-se nele apesar das circunstâncias como Jó e Habacuque.
· O sofrimento de John Bunyan (Piper p. 64). A morte da mãe e da irmã. A morte da esposa deixando com quatro filhos pequenos. O nascimento da primogênita cega. A prisão de doze anos. A doença final e sua morte longe daqueles que ele mais amava na terra, além das pressões e temores. Seu livro O PEREGRINO contudo é o mais vendido no mundo depois da Bíblia, traduzido em mais de 200 idiomas. Os ministros pregam melhor quando estão debaixo da cruz.
2. Devemos continuar praticando o bem – v. 19b
· O sofrimento não deve nos endurecer nem nos deixar apáticos. Ao contrário, nossa entrega a Deus leva-nos à ação. Devemos semear ainda que com lágrimas. Devemos amar, ainda que rejeitados. Devemos abençoar ainda que amaldiçoados. Devemos orar, ainda que perseguidos.
CONCLUSÃO
· Como crentes em Cristo, precisamos crer que o sofrimento é uma prova de um Pai amoroso, e não um ardil para nos destruir. O sofrimento não é anormal nem estranho. O sofrimento é o caminho da glória, uma oportunidade para ser bem-aventurado e para glorificar a Deus. O sofrimento é uma oportunidade para nos entregarmos a Deus e fazermos o bem aos outros, dando testemunho da nossa fé.
· Algumas vezes vemos mais através de uma lágrima do que através de um telescópio. A alma não teria arco-íris se os olhos não tivessem lágrimas.
· Deus sussura conosco na hora da alegria e grita conosco na hora da dor.
· O Calvário é a grande prova que Deus dá de que o sofrimento segundo a vontade divina sempre conduz à glória.
"O Calvário é a grande prova que Deus dá de que o sofrimento segundo a vontade divina sempre conduz à glória." Aleluia! Bendito seja o nome do Senhor! :]
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