Introdução
Qual o problema do prazer? É errado querer se realizar em algo? Até que ponto um cristão deve buscar suas próprias realizações? Essas, entre muitas outras perguntas, surgem quando começamos a estudar sobre o hedonismo no nosso tempo.
J. I. Packer afirma que vivemos no mundo da banheira quente. Ele conta que enquanto estava em uma banheira com água quente teve um “INSIGHT”, comparando-a com aquilo que o homem pós-moderno espera de uma religião, referindo-se particularmente ao Cristianismo e de como este hoje é influenciado pelo hedonismo.
“Outro dia... ao sentar-me naquela perfumada banheira quente, me deliciando, fazendo piadinhas e ajustando-me à sensação de ser envolvido por bolhas de todos os lados, ocorreu-me que a banheira quente é o símbolo perfeito do caminho 'moderno' que a religião vem tomando. A experiência da banheira quente é deliciosa, relaxante, preguiçosa, despreocupante: em nada exigente... mas muito, muito agradável até o ponto de ser divertida. Muitos hoje querem que o cristianismo seja assim, e trabalham para isso”
(Packer 1999, 4).
Hedonismo derivado da palavra grega hçdonç, que significa prazer, realização pessoal. O hedonismo é uma teoria ética que postula a busca pelo prazer como o objetivo da existência humana (eudonismo) igualando essa felicidade de modo positivo à realização plena e de modo negativo a obsessão em se evitar a infelicidade e o sofrimento. Hoje veremos como este modo de viver tem influenciado o cristianismo evangélico.
I - A visão a partir de uma banheira quente
Qual a importância do conforto hoje quando alguém vai escolher uma igreja para frequentar? Quais as prioridades quando alguém vai escolher uma comunidade de fé? Em uma pesquisa realizada em Juiz de Fora na década passada, algumas coisas interessantes foram vistas pela equipe organizadora. Proximidade, estacionamento e bem estar pessoal foram às coisas que mais levariam pessoas à igreja. Ensino e pregação ficaram pelo meio do caminho. A religião da banheira quente ilustra realmente isto: a lei da oferta e da procura. Ter conforto não é ruim, o problema é quando o conforto governa nossas decisões. Jesus se divertiu quando esteve neste mundo, tanto foi assim que alguns difamadores o chamaram de glutão e bebedor de vinho. (Lucas 7.34) A grande questão é: se nossa vida se resumir a uma busca desenfreada pelo prazer, acabaremos perdendo a centralização em Deus e não tomaremos nossa cruz para seguirmos a Jesus.
II - A religião da banheira quente é quase certa
Quando buscamos prazer, conforto e felicidade acima de tudo em nossa vida, estamos dizendo com nossos atos que nada mais importa e o foco de nossa vida está nesta atitude. Isto se referindo a cristãos pode ser um desastre anunciado. Um cristão que começa a caminhar nessa estrada, cedo ou tarde, se frustrará com a dura realidade, nós somos mortais! É o que tem acontecido na vida de diversos cristãos que têm nos procurado após verem promessas de muitos religiosos não se cumprirem em suas vidas. Promessas de sucesso financeiro, cura de enfermidades, felicidade sentimental...promessas estas que afirmavam a obrigação divina em cumprir tudo que ele tinha dito.
Não estamos aqui dizendo que Deus não é fiel em suas promessas, estamos afirmando que o motivo de seguirmos o Senhor não se baseia tão somente em que todas nossas idealizações se tornem realidade, mas na verdade bíblica que afirma que o prazer do Cristão se realiza plenamente em conhecer a Deus através de Cristo e na gratidão por tudo que Ele tem feito por nós.
J. I. Packer apresenta um esboço da “teologia do prazer” segundo a palavra de Deus (Salmo 9.2, 16.11, 36.8, 43.4, Romanos 14.17, 15.13).
1º - O prazer, assim como a alegria, é um dom de Deus, mas enquanto a alegria é ativa (alguém se alegra), o prazer é passivo (alguém é agradado).
2º - O prazer (gozo consciente) não tem qualidade moral intrínseca. O que torna o prazer certo, bom e valioso ou errado, mal e pecaminoso, é o que está junto dele. A religião da banheira quente busca o prazer, o que é bom. Ela se perde quando esta busca se torna o coração da caminhada nessa estrada que tem que ter Deus como norte.
III - A religião da banheira quente é radicalmente errada
Por quê? Porque no coração de tudo isto se encontra egocentrismo e o eudonismo.
O egocentrismo pode ser descrito como uma falta de vontade de ver-se existindo para Glória de Deus, tudo se resume ao “eu” como centro no mundo. A bíblia afirma que nós existimos para o criador e não o contrário. Entender isso é fundamental para vida Cristã. Jesus exige autonegação (Mateus 16.24) como condição necessária do discipulado, condição que Cristo liga com a Cruz que devemos carregar. Confiança nas fontes ilimitadas de Deus e altas expectativas de ser liberto do mal são certas e boas. Mas orar para que Deus dance conforme a música é errado e anticristão.
O eudonismo como já vimos, é a concepção filosófica que afirma que a razão da existência é o prazer. O eudonismo evangélico afirma que podemos pedir a Deus tudo e que tudo irá se realizar, pois nunca é da vontade de Deus que seus filhos tenham lutas, decepções, tristezas, dor.
Conclusão
Nada há nada de mal em desfrutarmos dos prazeres que Deus nos dá; aliás, quando desprezamos isto, somos culpados de omissão e ingratidão. No entanto, a busca pelo prazer nunca deve ser a razão da vida do Cristão, que deve se preocupar em agradar a Deus antes e acima de todas as coisas.
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