“Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens” (Mt.5:13).
Mais uma campanha política municipal começou. O barulho tomou conta da cidade. Os candidatos estão se articulando, os militantes dos partidos muito bem envolvidas e determinadas a inculcar em todos o número, o nome e as razões para se votar em seus candidatos. Tudo muito bem, se não fosse os exageros, a paixão política doentia que se aflora neste período a ponto de levar muitas pessoas à insensatez, ao descontrole emocional a ponto de ferir, magoar, agredir e desrespeitar famílias, igrejas, autoridades e principalmente amizades construídas ao longo dos anos.
É preciso bom senso, equilíbrio, domínio próprio para não transformar o processo político municipal numa guerra, deixando para trás pessoas feridas e mortas. Em situações assim, como o cristão deve portar-se? Qual deve ser o nosso comportamento, nossa conduta cristã na política? Quero apontar algumas orientações visando o equilíbrio, o bom senso dos membros da nossa igreja, a fim de que o “sal” de João Dourado não lançado fora, ou, falando diretamente, a fim de que os crentes de João Dourado não sejam motivos de piadas nas ruas da cidade e vergonha para o Evangelho de Cristo.
1. Temos dupla cidadania: Cidadão do céu e da terra. É lícito, direito e dever de todo cristão cidadão participar do processo político eleitoral com ética e decência, fazendo todo esforço para não manchar a honra de Cristo, a pureza e testemunho da Igreja na comunidade.
2. Somos seres políticos. O termo política significa “o conhecimento, participação, defesa e gestão dos negócios da polis (cidade). A vida em sociedade, a elaboração de leis, as questões que dizem respeito à cidade, ao município e ao país são questões políticas e isso interessa a qualquer cidadão consciente. O Rev. Neemias Alexandre, numa pastoral às Igrejas do Presbitério de Irecê há cerca de vinte anos atrás escreveu: “A palavra política no meio evangélico menos informado tem tomado aspecto e sentido perjorativo, sempre associada a homens corruptos, à mentira, à demagogia e negociatas espúrias. Como afirma Rubem M. Amorese a conseqüência dessa deturpação tem levado crentes sinceros a uma afastamento sistemático de tudo que se refere a política... O povo de Deus em toda a sua história foi sempre um povo político, mas nunca comprometido com a degradação e perversão que a palavra política abrange hoje”. Na nossa participação política é muito importante diferenciarmos: Política de politicagem. A política cuida dos interesses comuns da cidade; a politicagem é a forma eticamente condenável e corrompida de fazer política cuidando de interesses particulares. Política de processo eleitoral. Lutar, defender a justiça, a igualdade de direitos, a democracia, distribuição de renda é exercitar a política. O processo político eleitoral é a campanha, comícios, eleições. A política é o dia a dia, o processo eleitoral dura três meses. O próprio exercício do poder público deve ser político e não eleitoral. Para participar da política, escolher um candidato não necessariamente tem que andar gritando, pulando, participando de comícios e fazendo algazarra pelas ruas. O cristão não deve ser alienado político, omisso e indiferente com os interesses da comunidade. Somos cidadãos do céu e também da terra. Temos direitos e deveres.
3. Devemos Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar (Mt.6:33). A política, o processo eleitoral não deve ser colocado acima do compromisso com a Igreja. Os interesses políticos não devem ser colocados acima dos interesses pelo Reino de Deus. Devíamos militar, lutar muitos mais pelo Reino de Cristo do que pela política. Infelizmente não é isso que vemos num processo político em nosso município. O verdadeiro crente em hipótese alguma deve trocar a igreja pelo partido político, o culto pelo comício e Jesus pelo seu candidato. Afinal, quem é o Senhor da tua vida?
4. Devemos Preservar a unidade da Igreja. Inimizades, porfias, ciumes, facções e partidarismo político é obra da carne (Gl.5:19-21; Tg.3:13-17). As preferências e opções políticas partidárias não devem em hipótese alguma comprometer a unidade da Igreja de Cristo e o testemunho eficaz do Evangelho: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: Se tiverdes amor intenso uns pelos outros” (Jo.13:35). Não destrua a unidade que custou o sangue inocente do nosso Senhor Jesus Cristo por causa de candidatos pecadores, falíveis e indignos de comparação com o Messias, O Emanuel, o Cordeiro Santo de Deus. Jesus Cristo nos uniu e os partidos políticos nos separa. Isto é profanação do sangue da Aliança Eterna que atrai sobre nós o juízo de Deus.Você é meu irmão independente do seu candidato. O valor, a credibilidade, amizade do seu irmão em Cristo não depende de que grupo político ele pertence. Por causa da politicagem mundana não difame nem ridicularize publicamente seu irmão e seu próximo, sendo ele crente ou não.
5. Devemos Respeitar e Valorizar a nossa família acima do partido e do candidato. A família onde você nasceu, cresceu, os laços de sangue, a união e amor dentro da família vale muito mais do que um partido político, um cargo, um emprego. Por isso, respeite as diferenças dentro da família. Não se torne inimigo do pai, filho, tio, avô... porque fez uma opção política diferente da sua. Cada um tem suas razões pessoais que concordando ou não devem ser respeitadas no seu direito de escolher. Mas não permita que as opções políticas divida e destrua sua família. Saiba separar e colocar cada coisa no seu devido lugar. Convém lembrar as palavras do nosso Mestre: “Reino dividido não subsistirá”. Igreja dividida, família dividida não terá a benção, a alegria da comunhão nos relacionamentos nem a bênção de Deus.
6. Devemos Preservar Santidade e Integridade na conduta pessoal. A Igreja de Cristo não pode se conformar com as baixarias, a libertinagem e corrupção dos valores na política brasileira. Fazer uso de instrumentos perniciosos e degradantes da verdadeira moral e ética cristã,tais como: bebedices, festas profanas, insultos, agressões verbais, calúnias, compras de votos, apostas, etc, não atraem a bênção de Deus para as pessoas e nem o progresso para a cidade. Quem usa de tais expedientes na política está transgredindo a Lei de Deus, a Lei eleitoral e pervertendo a consciência do cidadão.
Com estas considerações espero contribuir para aguçar a consciência cidadã e cristã dos amados irmãos a fim de que sejamos o “sal” de João Dourado. Vamos contribuir para preservar a ética, a boa moral, os valores e princípios do Reino de Deus e não para acelerar o processo de apodrecimento de uma sociedade em decomposição.
Rev. Cloves Azevedo de Oliveira
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